Na engenharia geotécnica, a Sondagem a Percussão (SPT) — Standard Penetration Test — é uma das investigações de subsolo mais tradicionais e amplamente aplicadas no Brasil. Regida atualmente pela ABNT NBR 6484:2020, essa metodologia é indispensável para o reconhecimento dos solos onde serão fundadas estruturas como edifícios, pontes e barragens.
Mas como todo método, o SPT tem suas virtudes e também suas limitações, e entender ambas é essencial para um bom projeto de fundação.
O que é a Sondagem SPT?
A SPT consiste na cravação de um amostrador padrão no subsolo, através da queda de um martelo padronizado de 65 kg a uma altura de 75 cm. O número de golpes necessários para a cravação dos últimos 30 cm do amostrador gera o famoso índice “N”, que é correlacionado à resistência do solo.
Esse ensaio fornece informações essenciais como:
- Perfil estratigráfico do solo;
- Profundidade do nível d’água;
- Índice de resistência à penetração (Nspt);
- Amostras deformadas para classificação tátil-visual.
Limitações da Sondagem SPT
Apesar de sua ampla aplicação, é fundamental reconhecer que o SPT é uma sondagem pontual — e portanto, não captura a totalidade da variabilidade geológica de um terreno. Em obras de fundação profunda, por exemplo, não é raro observarmos estacas vizinhas com perfis de solo radicalmente distintos, ainda que tenham sido previstas com base em uma mesma sondagem.
Isso acontece porque o subsolo é heterogêneo por natureza. Lentes de areia, bolsões de argila mole, presença de matacões ou afloramentos rochosos podem existir entre dois pontos com poucos metros de distância, sem serem interceptados pela malha de sondagem.
Além disso, o SPT não é o melhor método para solos muito duros, solos orgânicos ou para identificar camadas muito finas. Em muitos casos, deve ser complementado com ensaios adicionais, como:
- Sondagem Rotativa (para caracterização de maciços rochosos);
- Ensaios de laboratório (para obtenção de parâmetros mais precisos);
- Ensaios in situ como CPTu, Vane Test ou dilatômetro (DMT).
Como Mitigar as Incertezas?
Um bom projeto de fundação considera a interpretação crítica dos dados obtidos na sondagem SPT, levando em conta a experiência local com solos semelhantes, o histórico de fundações executadas na região, a inspeção visual das estacas e do material retirado, além da realização de provas de carga ou de investigações complementares sempre que houver dúvidas. Também é essencial que a malha de sondagens seja bem distribuída e compatível com a área da obra, o que contribui significativamente para a redução das incertezas no projeto.
Conclusão: O SPT Continua Essencial
Mesmo com suas limitações, a sondagem SPT continua sendo a base mais econômica e prática para reconhecimento geotécnico em todo o país. Seu valor está tanto nos dados que fornece quanto na forma como esses dados são interpretados e integrados a um projeto responsável. Na Maggi Fundações, sabemos que o sucesso de uma fundação começa com o entendimento preciso do solo. Por isso, contamos com equipe especializada para análise crítica dos relatórios geotécnicos, garantindo a segurança e o desempenho da fundação — mesmo quando o solo surpreende. E quando essas surpresas acontecem, estamos sempre atentos para identificar rapidamente a melhor solução, com agilidade e olhar técnico apurado, assegurando a continuidade e a eficiência da obra.